Uma placa plástica perfurada do tamanho de uma folha de papel ofício, pinos de metal e elásticos. Estes são os equipamentos básicos do Método Multiplano, que promete revolucionar o ensino dos portadores de deficiência visual brasileiros em disciplinas como a Matemática e a Física. A novidade foi lançada nacionalmente ontem pela manhã no Instituto dos Cegos Dr. Hélio Goes Ferreira, mantido pela Sociedade de Assistência aos Cegos (SAC).
“Este é o primeiro passo para a pessoa cega se tornar engenheira”, garante Valdo Pessoa, presidente da SAC. Desde 2002, cerca de 50 alunos do instituto passaram a estudar utilizando o método, criado pelo professor Rubens Ferronato. Os beneficiados eram estudantes das salas de reabilitação (compostas por pessoas que concluíram o ensino médio ou superior e depois perderam a visão).
Com base em informações passadas pelos professores cearenses, o instrumento pedagógico foi aperfeiçoado. O kit multiplano é composto por livro didático, CD-ROM, placa perfurada, pinos identificados em Braile e Hindu-arábico, reta e parábola. Através desses recursos, os portadores de deficiência visual aprendem a formar, por exemplo, figuras geométricas.
Em um segundo momento, os alunos passarão a aprender Matemática em um software que reproduz a placa perfurada. Conforme Valdo Pessoa, os portadores de cegueira terão noção de visão em 3º dimensão. “Eles saberão o que é altura, largura, inclinação”, salienta. O professor Rubens Ferronato informa que através desse instrumento os portadores deficiência visual poderão aprender Estatística, determinante e matriz.
Cerca de 40 professoras do Instituto dos Cegos participaram, ontem pela manhã, de uma capacitação. Dentro de aproximadamente um mês, eles estarão ensinando, com base no multiplano, os aproximadamente 300 alunos matriculados naquela unidade de ensino fundamental.
Com o Multiplano, os estudantes também podem aprender, por exemplo, noções de Física, Química e Biologia. Os kits ainda são feitos artesanalmente pelo próprio professor. “Só este ano, fiz mais de 300”, diz. Em novembro ele recebeu o prêmio Tecnologia Social, oferecido pela Fundação Banco do Brasil.
Ele garante que os R$ 50 mil da premiação serão utilizados na confecção de mais kits. O material será distribuído gratuitamente para deficientes de todo o País. O método foi desenvolvido durante três anos e meio na União Pan-Americana de Ensino, em Cascavel, no Paraná.
Fonte: Diário do Nordeste